Na luta contra as mudanças climáticas pode ser útil envolver parceiros inesperados, como os motoristas de riquixá, um meio de transporte de tração típico da Ásia. Foi o que aprendemos no primeiro dia do What Design Can Do São Paulo 2017.

 

Nem tudo foi sobre tecnologia no primeiro dia do WDCDSP (Veja relato do Dia 1/parte1). Descobrimos isso quando Gisele Kato e Lucas Verweij, os moderadores da terceira edição, convidaram o designer e educador Jurgen Bey para o palco. Bey falou da importância do papel das instituições educacionais como local de discussão de ideias sobre o futuro. Isso vale tanto para o Instituto Sandberg – o departamento de mestrado da Academia Rietveld em Amsterdã, liderado por Bey – quanto para uma escola primária na Índia.

Jurgen Bey / foto José de Holanda

 

Bey mostrou como seu studio Makkink&Bey desenvolveu seu projeto para o Climate Action Challenge, chamado Water School. Quando ele percebeu que uma escola primária oferece uma porta de entrada para uma comunidade inteira, Bey concebeu a ideia de construir uma nova escola inteiramente sustentável junto com as crianças que vão lá, suas famílias e empresas familiares relacionadas. Já que nas escolas primárias todas as camadas da sociedade estão representadas, o conhecimento sobre construção e produção sustentável se espalhará rapidamente por toda a comunidade.

A MIDIA É NOSSO ALIADO?

Após um intervalo com a cantora Ekena cantando um single poderoso sobre questões de gênero, o palco foi transformado em um painel de discussão entre Naresh Ramchandani do Pentagram, Nicole Oliveira da 350.org e Elizabeth McKeon da IKEA Foundation sobre o papel da mídia na discussão sobre mudanças climáticas.

 Naresh Ramchandani / foto José de Holanda

Todos os três tiveram cinco minutos para uma fala de abertura, na qual Naresh Ramchandani declarou que a mídia de muitas maneiras promove o consumo excessivo, que é a principal causa das mudanças climáticas. O Do The Green Thing, ONG que ele co-fundou, tenta lutar contra isso com um “anti-feitiço no feitiço da mídia”, tentando apresentar um comportamento sustentável tão atraente quanto o que a mídia apresenta em relação aos bens de consumo desnecessários.

Nicole Oliveira / foto de  José de Holanda

Nicole Oliveira lidera a campanha da organização 350.org na América Latina que luta contra combustíveis fósseis, desmatamento e consumo de carne. Um trabalho perigoso no Brasil, onde a maioria dos ativistas ambientais são mortos. Em seu meio de trabalho, a imprensa é ao mesmo tempo um aliado e uma ameaça, porque pode ajudar a aumentar a conscientização, mas também informar seus oponentes.

Elizabeth McKeon / foto José de Holanda

CONDUTORES DE RIQUIXÁ

Por fim, Elizabeth McKeon, da IKEA Foundation, citou um projeto na Índia que sua organização apoia, chamado Help Delhi Breath(Ajude Deli a Respirar).

Este projeto ensina que é possível envolver aliados inesperados para aumentar a conscientização e provocar mudanças.  A organização, que luta contra a poluição do ar na capital indiana, pediu que 90 mil motoristas de riquixá coletassem assinaturas para uma petição entre seus clientes. A ação envolveu um grande e variado público, o que ajudou a campanha a chegar à imprensa internacional. “Coalizões incomuns é o que precisamos para aumentar a conscientização para a ação climática e para a adaptação”, concluiu McKeon.

Diretamente do Climate Council, um conselho de três pessoas que estavam fora do palco e tinham o direito de interromper a qualquer momento a conversa, Ana Toni, diretora do Instituto Clima e Sociadade, acrescentou que a discussão sobre o clima poderia se beneficiar com um pouco de humor e otimismo. Oliveira e McKeon responderam que devemos perceber que a mídia não é uma estrutura sólida e que muitas boas notícias são divulgadas, por exemplo, através das redes sociais também.

Um intervalo musical foi apresentado por Ekena

Ekena é conhecida por suas músicas sobre relações interpessoais e sobre a luta de ser uma mulher em uma sociedade sexista

WDCDSP captou a atenção do público

Esta edição do WDCD foi moderada pela jornalista brasileira Gisele Kato e pelo crítico de design holandês Lucas Verweij