“Participar do júri do WDCD Climate Action Challenge abriu os meus olhos para a abordagem sobre adaptação às mudanças climáticas, disse a diretora da 350.org na América Latina, Nicole Oliveira.
350.org é um movimento global climático de base fundado por Bill McKibben nos EUA, que se esforça para manter as concentrações de CO2 abaixo do limite de 350 partes por milhão – número que os principais cientistas dizem ser o seguro para o dióxido de carbono.
A organização usa campanhas online e ações públicas em massa para se opor a novos projetos de carvão, petróleo e gás, tirar dinheiro das empresas que estão aquecendo o planeta e criar soluções de energia 100% limpa que funcionem para todos.
MITIGAÇÃO
“Geralmente estamos focados na mitigação, na prevenção do aumento de CO2 no ar, fazendo campanha para manter os combustíveis fósseis no chão e assim por diante”, diz Oliveira. “Mas isso é tudo muito técnico e os processos são de longo prazo. Concentrar-se na adaptação é uma nova perspectiva para mim. Gostaria de trazer alguns dos projetos que eu vi no Climate Action Challenge para a minha realidade.
Nossa campanha contra combustíveis fósseis é muito conflituosa. Nós alcançamos sucessos com isso: fomos capazes de proibir fracking (método que possibilita a extração de combustíveis líquidos e gasosos do subsolo) em 370 comunidades e um estado aqui no Brasil impôs uma moratória por dez anos. Trabalhamos com as comunidades locais para isso porque é sempre melhor se elas tomarem conta de seu futuro com suas próprias mãos.
DESIGN THINKING
“Mas eu também quero trabalhar com soluções e estas precisam de uma outra abordagem. Estou trabalhando com universidades e tentando incitá-las a iniciar projetos multidisciplinares no campo da economia de energias e alternativas.
O desafio e o evento me fizeram reavaliar o papel que o design thinking pode desempenhar aqui. Nós já trabalhamos com pensadores de design, mas o processo leva tempo. Leva tempo para entender as necessidades locais, fazer pesquisa, testar possíveis soluções e permitir que os erros aconteçam. Eu não tenho esse tempo na minha prática diária. Estou lidando com realidades políticas e, se cometer muitos erros, perco a batalha.
Todo o conhecimento que eu ganhei ao analisar os projetos do desafio é baseado em anos de pesquisas e testes. Isso me mostra que se eu quiser trabalhar com soluções, o design thinking pode ser de grande ajuda.”